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  • Foto do escritorChristian Pissini Espindola

O MUNDO MODERNO E A COLHER DE PAU

O mundo moderno cada dia vai se apoderando mais e mais das nossas vidas e com isso vamos deixando para trás algumas coisas que nos pareciam irrelevantes, mas que com o passar tempo nos remete a nostalgia.

Certo dia ao acordar, já neste mundo moderno, ao invés de abrir a janela e contemplar o sol, sentir o vento em minha face, liguei a televisão, e o que vi e ouvi, me fez redigir e compartilhar esta reflexão.

Um especialista em remoção de bactérias, explicando porque não devemos mais usar a colher de madeira, conhecida no mundo culinário como colher de pau.

Aí me veio a nostalgia, lá se vai mais um item que sempre esteve no meu cotidiano sendo conduzido ao esquecimento.

E assim comecei a elencar o que o mundo moderno tem retirado da geração atual e daquelas que ainda virão.

Será que as novas gerações, vão conhecer o almoço de domingo em família?

Hoje devido as atribulações do dia a dia, e a distância, está cada vez mais difícil as famílias se encontrarem, sem contar que as pessoas tem se tornado cada dia mais intransigentes e só de pensar nesse encontro, já buscam desculpas para não participar. Será que ainda promovem esses almoços?

Já ouvi que a atual geração é a geração que o merthiolate não arde, e é verdade, quando criança o medo do poderoso remédio, doía mais do que o ralado em si!

Será que as gerações saberão o que é pedir para mãe fazer uma sobremesa ou um bolo que adoram?

As mães da atualidade trabalham e são muito ocupadas, ouvimos dizer que a mulher não tem mais essa obrigação, “o lugar de mulher é na cozinha” acabou.

Mas vejo, que antigamente, embora sempre o ser humano, procure o pior da informação, e o argumento é que as mulheres eram educadas para ser donas de casa, as mães cozinhavam para seus filhos como forma de amor, de alimentar, de prover, algo muito mais além do que qualquer bandeira, o sentimento denominado amor.

As crianças comiam, e não existia o número de obesos que se tem hoje, mesmo com o forte apelo de culto ao corpo.

Certo dia, no mundo moderno da televisão, vi um renomado chef de cozinha, dizendo que o sonho dele era ver a filha comendo o que ele fazia, essa seria sua maior recompensa, pesquisando, descobri que a filha tem uma doença e se alimenta por sonda. Entendi assim, o cozinhar por amor.

O modo de amar também mudou?

Já que a discussão sobre o mundo moderno está se dando na cozinha, lembrar do fogão a lenha é inevitável.

Essa figura tradicional das cozinhas, hoje é reverenciada em restaurantes, por sua beleza, facilidade e custo de deixar aceso e manter os pratos quentes, e obviamente por remeter à tradição.

Mas as novas gerações não saberão o que é acordar cedo para cortar lenha, acender o fogo. Ah.., o fogão a lenha, que lição, o tempo de cozimento é mais lento, as famílias ficavam mais tempo conversando em volta dele, a manhã toda era dedicada ao café da manhã e ao almoço, as pessoas tinham mais tempo?!

A memória existe para nos remeter ao passado como forma de rever momentos especiais, as coisas simples da vida nos deixam nostálgicos, o que as gerações lembrarão?

“A fila do drive thru para pegar um lanche demorou muito em 2020”

Mas como a questão é a colher de madeira, que me conduziu até aqui, vamos lá, o uso da colher de madeira (pau) se deu pela necessidade de não queimar as mãos do cozinheiro, visto que a madeira não absorve o calor.

O especialista dizia que por este motivo, o risco de contato com bactérias é muito maior, pois se expostas a altas temperaturas não sobrevivem, assim a colher de ferro, alumínio e afins deve substituir a colher de pau.

Salvo as questões de saúde, comprei mais duas colheres de pau e guardei, para um dia poder contar coisas que vivi e ver os olhares de dúvida, questionado se “esse velho é louco”. Mas louco ou não, lá no fundo do coração, estarei sentindo a nostalgia dos dias vividos, quando ser, falar, agir e sentir, eram coisas simples e não questionáveis.

Quando a colher de pau era simplesmente um utensílio não um risco a saúde.

Quando o ser era humano.


Christian Pissini Espindola



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